terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Criação de itens mágicos pra macho!

Esse artigo nasceu lendo a aventura Doom of Savage Kings para o Dungeon Crawl Classic. Existe uma cena especifica (ao qual não entrarei em detalhes) onde uma sacada genial foi incorporada pelo autor, baseada na seguinte reflexão: e se os itens mágicos não fossem criados por PCs e nem por NPCs e sim, por situações específicas, situações de grande provação? Vamos direto para um exemplo prático:

A desafiadora Colina das Águias! Poucos aventureiros chegaram ao topo. A parede batida e sim vincos, os ventos repentinos e até as aves conspiram para manter invasores longe de seus picos e dos frutos sagrados que só crescem por lá. Entretanto, dois ladinos se encontraram hoje em uma estalagem na Capital e juntos, acreditam que podem realizar tal feito. Anton, o sagaz e Ulik, o destemido se encontram agora na metade da subida. Os ventos cortantes já fizeram os dois aventureiros soltarem suas mochilas. O que resta agora, são as roupas do corpo e a caríssima corda de seda, recompensa de um trabalho noturno. Um pio distante é ouvido. Águias! Como uma chuva de flechas, a dupla é atacada ferozmente. As bicadas arrancam nacos de carne dos braços e das pernas, levando tecido e sangue com elas. Anton não aguenta por muito tempo, e Ulik escuta o breve parceiro se lamentar e soltar a corda com um grito (no fim, Anton não se mostrou tão sagaz assim...). Ulik olha para cima e avança, ignorando como pode, a dor aguda. Talvez seja sorte ou pura bondade dos deuses, porque os ventos fortes voltam e afastam as aves, dando-lhe o tempo necessário para terminar a escalada. Finalmente o topo e os frutos sagrados! O templo paga muito bem por eles, dizem que preparam estranhos unguentos. Por fim, quando descer, Ulik terá uma bela surpresa quando descobrir que sua corda, agora, consegue ajustar sua tensão de ruptura e compensar o peso do ladino. Nasce assim, a Fantástica Corda de Ulik!

Em termos de regra, a corda de seda, até então um item mundano (porém caro), acrescenta a partir desse momento, 3 pontos nas rolagens de Climb sheer surfaces. Depois que o jogador passou no teste de escalada (queimando pontos de Sorte até!) e chegou ao topo com apenas 2 pontos de vida, o Mestre decidiu recompensar o feito. Essa cena da escalada ficará para sempre na memória do grupo, e o nascimento do item mágico, apenas reforçará tal fato. Ora, essa prática serve para qualquer outro item. Aquele último golpe contra o Lich foi incrível, um acerto crítico, depois que o restante do grupo tombou. O grupo revista o aposento em busca do tesouro do Lich, mas descobre apenas comida estragada, armas oxidadas e trapos do que já foram trajes da nobreza. “Mas como assim?” – eles perguntam pasmos. O guerreiro parte frustrado, até descobrir no próximo embate contra mortos-vivos que sua espada longa (herdada do ferreiro da cidade), agora é mais eficiente contra esse tipo de criatura, além de vibrar com a aproximação dessas criaturas malditas. Ou quem sabe por azar (ou sorte), o mesmo golpe decisivo foi efetuado pelo mago, cujo cajado agora, está imbuído com as propriedades mágicas.

Por fim, tal medida é uma alternativa perfeita para evitar a presença de loja de itens mágicos em cada cidade, mas cuidado para não deixar leviano. Utilize esse recurso apenas em situações desesperadas, no clímax da sua aventura. Desnecessário dizer que essa prática pode ser adotada em qualquer versão ou releitura do Dungeons & Dragons.


Bons jogos a todos!

2 comentários:

  1. Bem, eu acredito que a questão da lança na Doom of Savage Kings não foi só por causa da provação, mas porque eles mataram uma criatura poderosa e quase imortal. Quando seu sangue se jorrou sobre a lança, ela se tornou encantada. Acho que foi um confluência de situação tensa e o fato dela ter sido usada para matar um ser imortal.

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  2. Opa, grande Diogo! Foi isso mesmo, porém, esse clímax me fez refletir sobre esse tipo de gênese dos itens mágicos. Num cenário low fantasy, acho que seria uma forma honesta e interessante de recompensar os heróis.

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