segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Resenha: Tales from the Fallen Empire



     As últimas páginas do livro básico do Dungeon Crawl Classics são anúncios de parceiros criativos e outros produtos da editora. Um desses anúncios me fisgou de cara! Uma página inteira fala sobre esse tal de Império Caído, onde 100 anos se passaram, desde que a humanidade se rebelou e destruiu os Reis Feiticeiros. Foi só ter o livro nas mãos para fazer minha decisão: Tales from the Fallen Empire será o cenário padrão para minha próxima campanha de DCC. 

Fallen Empire foi lançado em 2013, mas seu autor, James Carpio, conta que o cenário nasceu surpreendentemente na época do D&D 4ª edição como seu cenário de campanha caseiro. Assim que ele teve contato com o Dungeon Crawl Classics, migrar para a proposta OSR foi natural. O resultado? Um mundo pós-apocalíptico brutal e bizarro. Mas não espere a temática de medievalismo europeu tão comum em outras obras: Fallen Empire está mais para um cruzamento entre Mesopotâmia e Era Hiboriana. Nas ruínas de milênios de obediência aos Reis Feiticeiros, todos lutam pela sobrevivência, por vingança, por riquezas e alguns poucos, por redenção.

O livro inicia com um registro das Eras, para situar o novo leitor e explicar a situação atual do cenário. Em seguida, a “cereja do bolo”: sete novas classes para o DCC! O livro propõe evitar clichês “tolkienianos”, logo, halflings, elfos e anões não são permitidos. As novas classes são:

O Bárbaro: guerreiros brutais das terras devastadas. O bárbaro enxerga a civilização como uma praga para a humanidade e a feitiçaria como um ardil de demônios. É seu papel nesse mundo distorcido, trazer novamente o equilíbrio do mundo antigo. Sempre dosando força, esperteza e uma lâmina afiada.

O Draki: uma raça inteligente de velociraptors humanóides, criados pelos Grandes Dragões durante a 1ª Era. Agora, eles buscam voltar para sua Terra Natal perdida através de artefatos roubados pelos homens com a queda dos Reis Feiticeiros.

O Sentinela nasceu no filme "The Warrior and the Sorceress"
com David Carradine como protagonista.
O Sentinela: seguidores da divindade Valerak, esses monges guerreiros fizeram um voto de benevolência e de pobreza. Armados apenas com uma lâmina e as roupas do corpo, eles viajam em terras dominadas pelos Senhores da Guerra para ajudar os necessitados. 

O Homem-Macaco: oriundos de feitiçaria, os Ooruk foram criados para combater as hordas demoníacas que ameaçaram o mundo na 2ª Era. Hoje, se escondem em florestas inexploradas onde arquitetam seus planos. Alguns poucos saem para explorar o mundo dos homens e vender suas habilidades como guarda-costas, mercenários e gladiadores.

O Saqueador: seja no mar como piratas ou nas rotas terrestres, alguns homens se especializaram em roubar cargas valiosas. O saqueador tem facilidade para arquitetar emboscadas e encontrar acesso ao Mercado Negro, seja onde estiver.

O Feiticeiro: herdeiro de conhecimentos de eras antigas, o feiticeiro usa de energia vital de terceiros para realizar suas magias e rituais! O feiticeiro é temido por onde ele passa e aprende desde cedo que as intenções e caprichos de seu Patrono são inexoráveis.

A Bruxa: essa feiticeira retira seus poderes dos espíritos e entidades que nos cercam, fazendo papel de cartomantes, curandeiras e conselheiras em terras misteriosas. A Bruxa á capaz de preparar poções e curar ferimentos de acordo com a fase da lua!

Só essas novas classes e suas novas mecânicas já pagam o livro, que prossegue ainda apresentando regras opcionais para essa mítica Era do Bronze: regras de escambo comercial (só alguns lugares aceitam peças de cerâmica, anéis de ferro e estatuas de bronze como pagamento), regras de sanidade, viagens marítimas e sobrevivência nas Terras Devastadas também estão presentes. Novas magias, mostram o qual devastador pode ser o processo na flora e fauna ao redor, lembrando bastante os magos defilers de Dark Sun.

Um grande capítulo abre com o mapa do mundo e detalhes sobre os reinos, todos com ótimos ganchos de aventura. Quer um exemplo? Que tal visitar o Mercado Ambulante de Shesh, onde tudo pode ser vendido e comprado? Só um detalhe: a enorme e cosmopolita feira está erguida numa plataforma em cima de quatro elefantes feitos de pedra, qua viajam erraticamente pelo reino! Existem ainda, um reino-selva, um reino de cultura oriental com direito a uma Cidade Proibida, um reino “asteca”, entre outros. Muitos lugares para explorar e inspiração para um bom e velho sand-box.

A magia Dissecar o Verde é capaz de afetar um bosque
ou até mesmo destruir uma floresta inteira!
Chegando às últimas páginas, encontramos dicas para o Juiz estabelecer o tom desejado de moralidade cinzenta, politicagem vil e cultos secretos espalhados pelos becos escuros das cidades-estado. Ainda traz um bestiário personalizado para a temática e duas aventuras curtas; um funil de personagens e outra mais complexa para personagens de 3º a 5º nível. Ainda não li elas, logo, não tenho como opinar sobre a qualidade.

Pra não dizer que tudo são flores nesse livro, é um livro bonito com uma capa impactante. Os mapas são bem feitos, mas algumas ilustrações deixam a desejar sim, principalmente no bestiário. Incomoda ver artistas incríveis como Doug Kovacs dividir espaço com desenhos bem fracos. Podia ter tido uma direção de arte melhor; ainda mais com o selo oficial do DCC impresso.

Por fim, é um ótimo livro. Na Amazon é possível encontrá-lo alguns dias promocionais por míseros 12 dólares na versão softcover. Uma ambientação digna de um filme cult de fantasia. Aqueles que faziam minha tarde na “Sessão da Tarde” e no “Cinema em Casa”. Recomendo fortemente, nem que seja para importar as novas classes e ampliar o leque de opções na sua mesa.

Abraço e bons jogos!

4 comentários: